Análise TeK: Kindle – o substitutoO pequeno leitor de e-Books da Amazon ficou disponível para pré-encomenda desde o início de Outubro e quem - como
eu - foi mais rápido a encomendar já terá recebido a encomenda, que
chegou a Portugal no dia 20 e à morada indicada no dia 21, por causa das
diligências alfandegárias.
A versão do Kindle que a Amazon disponibilizou para os mercados
internacionais não é ainda a mais recente DX, com um ecrã maior, mas o Kindle 2, com ecrã de 6
polegadas, teclado QWERTY e uma ligação 3G que garante a sua ligação ao
mundo, pelo menos da loja de eBooks da empresa.
Por 279 dólares (cerca de 190 euros) – menos 20 (dólares) porque o preço entretanto foi reduzido, o que deu direito a
um “vale” a quem tinha encomendado pelo valor antigo – mais taxas, que
se elevam a mais de 60 dólares, os fãs de livros de mais de 100 países
podem ter agora acesso ao leitor de livros que durante tempo de mais só
esteve à venda nos Estados Unidos.
Aos custos facturados pela Amazon há que adicionar a taxa de
desalfandegamento, cuja factura ainda está por chegar, e, no meu caso,
também uma capa em pele, um “mimo” que protege o leitor de livros
digitais das intempéries e das agruras do uso intensivo.
Para quem já conhece o modo de funcionamento dos eBooks e já teve
oportunidade de experimentar não há nada de novo. O Kindle tem um
aspecto simpático, é pequeno e fino, e o ecrã tem uma qualidade
excelente embora não seja de facto muito grande.
A mudança de folha é feita através dos botões laterais e a configuração
nos menus, mas todo o equipamento já vem pré-configurado, com uma carta
“pessoal” de Jeff Bezos – líder da Amazon - dirigida ao comprador e a
informação toda da conta para que possa fazer compras de livros com o
sistema “one click” que a livraria também usa online, o que até pode ser
perigoso se o Kindle cair em mãos menos alheias...
Pré-carregado está também um manual de utilização, e um dicionário, o
New Oxford American Dictionary, que se pode tornar muito útil quando ler
livros em inglês e precisar da definição de uma palavra mais
complicada: é só colocar o cursor sobre o vocábulo e tem imediatamente a
definição do mesmo.
O acesso à loja de livros é também – naturalmente – simples. Acessível
através do menu, desde que tenha a ligação wireless activada, milhares
de livros podem ser comprados e descarregados para a memória do eBook,
que suporta até 1.500 obras. Os livros são mais baratos do que a edição
em papel, custado em média 10 dólares, num desconto de cerca de 50% face
à edição tradicional.
Para os fãs as contas são fáceis de fazer e interessantes: basta comprar
30 livros para conseguir uma poupança de 300 dólares (cerca de 200
euros) e fazer o break-even do investimento. O tempo para atingir este
equilíbrio vai depender naturalmente do valor que gasta em livros por
ano. Cá em casa calculo que o Kindle “se pague” em menos de dois
meses...
A grande diferença do equipamento em relação à versão norte-americana é a
ligação 3G, que, apesar de tudo, está ainda envolta em algum mistério. O
leitor já vem configurado para fazer a ligação, não precisa de qualquer
código/configuração/autorização, e a Amazon refere apenas que o acesso à
loja e descarga de livros (que demora apenas 60 segundos) é totalmente
gratuito.
A outras “navegações” podem ser aplicadas taxas, que nunca são
referidas. Aliás, apesar dos nossos esforços, ainda não foi possível
saber qual é o operador móvel português com quem a Amazon tem acordo
para utilização da rede e como funciona o processo. No site da livraria
só está disponível um mapa de cobertura 3G que na verdade serve a
qualquer uma das três operadoras nacionais.
Claro que pode sempre desactivar a ligação 3G quando não estiver a
aceder à loja, é fácil. Mas é preciso ter alguma cautela e não fiquei
completamente certa de que não terei daqui a algum tempo uma “factura” a
mais para pagar de comunicações.
Mesmo com a conjugação do fascínio pelos livros e o interesse pela
tecnologia que tornam qualquer pequena dificuldade facilmente
ultrapassável, o facto desta questão não ser totalmente clara é o mais
incómodo. Até porque cheguei mesmo a questionar a Amazon, como
jornalista, e a resposta foi um silêncio completo…
Somo mais uma nota negativa: o Kindle é fornecido com um carregador para
ligar à corrente que está adaptado só às tomadas dos Estados Unidos. A
Amazon não junta nenhum conversor ao pacote, o que para quem não possui
estes simples adaptadores para a tomada pode ser um incómodo e exigir
uma deslocação “extra” às lojas.
Como alternativa pode sempre usar a porta USB do computador para
recarregar a bateria, mas nem sempre é prático…
Contas feitas o balanço é porém positivo. As vantagens ultrapassam
largamente as desvantagens e para mim o Kindle veio mesmo a tempo de ser
uma “prenda de Natal antecipada”, ou talvez não, porque ainda faltam
dois meses para a data...
Fonte: Tek