Liga Europa: Adeptos do Everton torcem pelo Benfica frente ao Liverpool

Liga Europa: Adeptos do Everton torcem pelo Benfica frente ao Liverpool



Se o Liverpool não vai estar sozinho, amanhã, quinta-feira, na sua cidade, como diz o famoso cântico "You´ll Never Walk Alone", o Benfica também não estará com certeza. E nem é pelo facto de serem esperados muitos portugueses por estes dias em Inglaterra.

A verdadeira razão reside no facto de metade da cidade que os Beatles imortalizaram puxar desesperadamente pelos encarnados. Custe o que custar, argumentam eles. Os adeptos do Everton: "Vai ser aflitivo se eles ganham um troféu da Europa outra vez, termos de os ouvir durante não sei quanto tempo", projecta Andrew McGeorge, de 39 anos, à conversa com o JN, na "megastore" do Everton, mesmo ao lado de Goodison Park, a 10 minutos de táxi do centro da cidade, enquanto escolhe uma camisola para o filho. A alegria de ver o rival sair da cena é tanta que nem se importa que seja exactamente frente à equipa que goleou o Everton na fase de grupos da Liga Europa. "Isso aconteceu porque o Benfica jogou muito, muito bem nas duas mãos. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. É importante que o Liverpool perca e pronto!" E o Sporting? "Essa eliminatória custou mais. Vencemos em casa e, depois, a equipa desligou em Lisboa. Não tem explicação".

Carl Armitage, mais velho, com barba, sorriu mal viu o cachecol do Benfica. "Se quero pegar? Claro, é uma honra". Olhou para o filho e para o neto, com ar de malandro, e não demorou até posar para a foto. "Vocês [portugueses] têm obrigação de jogar como fizeram connosco. Se nos golearam, também têm de golear", avisou, como se o próprio JN fosse o treinador do Benfica. Na verdade, numa auscultação a mais de uma dezena de adeptos dos "Toffees", nem um hesita sobre a possibilidade de torcer pelo Liverpool: "Of course not (Claro que não)! Pior mesmo só o Manchester United, que nem nós nem o Liverpool podemos com eles. São o cúmulo da arrogância". Engraçada é a situação de John Williams, simpatizante do Liverpool, que trabalha na loja do... Everton. "Quando ganhamos, é uma alegria estar aqui (risos). Quando perdemos, já sei que tenho de me calar. Trabalho é trabalho, só cá estou porque quero".

Aliás, todos os adeptos dos "reds" encolhem os ombros quando se fala do Everton. Os taxistas que transportaram o JN são fanáticos até à última geração pelo emblema de Anfield Road. "Eles odeiam-nos desde 1892, quando fomos fundados". Mas nunca chega a haver violência entre adeptos. "Isso é só da boca para fora, bebemos depois umas cervejas e fica tudo resolvido. Eu sou do Liverpool, o meu irmão é do Everton, mas está tudo bem, acaba sempre em festa. Os ingleses aplaudem sempre, mesmo quando a equipa do coração perde", lembra John Mathew.

Mourinho na conversa

E até já sabe que a eliminatória de amanhã vai ser complicada. "Não sou como muitos dos meus amigos que dizem que vamos vencer 4-0... Se ganharmos 1-0 já será óptimo". Só está, aliás, preocupado com a situação do emblema. "O George Gillet e o Tom Hicks estão a destruí-lo. O Rafa Benítez também já deveria ter ido embora. Será que o Mourinho não pode vir?". Mathew explica que o treinador lusitano é considerado quase um deus em Inglaterra e ficou desiludido quando soube dos rumores sobre o Real Madrid. "Mais um que vai estragar-se para lá. O Ronaldo foi o primeiro...".

Rafa Benítez tenta salvar a pele no confronto com as águias

Em Liverpool, também os adeptos dos "reds" estão divididos. A substituição de Torres, durante a segunda parte do encontro de domingo com o Birmingham, é o epicentro da confusão. Rafa Benítez disse que tirou o espanhol de campo por ele estar cansado. No entanto, a maioria dos críticos acusa-o de ter mentido e de, pela primeira vez, ter dado sinais claros de que prefere vencer a Liga Europa a obter a qualificação para a Champions. Deu mau resultado, visto que os "reds" empataram. Muitos simpatizantes dizem que o treinador fez bem, e outros que fez mal em abdicar da prova milionária. No entanto, a insinuação mais grave é de que já estará a fazer tudo para salvar a sua pele, tendo em vista um eventual despedimento. "É sempre importante vencer troféus. Vamos fazer o nosso melhor para chegar às meias-finais. Esta competição europeia é agora uma prova muito importante para nós e somos obrigados a derrotar o Benfica", afirmou, ontem, Benítez. A única questão é saber agora se a pressão acrescida de ter de vencer funcionará psicologicamente a favor no balneário comandado por Steven Gerrard. Para já, ficaram na retina os braços abertos de surpresa do capitão, quando se apercebeu, em pleno relvado, que "El Nino" estava a ser substituído. Sinal claro de que nem tudo está bem... Uma coisa é certa: o jogo de amanhã é de vida ou morte. Insuá e Babel, castigados, assim como Maxi Rodríguez, impossibilitado de jogar pelo Liverpool nas provas europeias, são baixas de vulto.



Fonte: JN